Mulheres na liderança:

um guia de dados para o #8M


Março é o mês em que a voz das mulheres ecoa alto, marcado especialmente pelo #8M, o Dia Internacional da Mulher, uma data que simboliza a luta por igualdade de direitos e reconhecimento das conquistas femininas ao longo da história. Este mês traz com ele a oportunidade de, além de podermos celebrar as conquistas femininas, refletirmos sobre os desafios que ainda são travados todos os dias – especialmente pelas mulheres negras.


A Fundação Lemann preparou este guia de dados que ajuda a promover uma compreensão mais completa e fiel à realidade das questões de gênero. Foram compilados estudos e pesquisas que mostram um panorama dos desafios das mulheres em cargos de liderança, tanto na gestão pública quanto no Terceiro Setor e na academia.


O material aqui apresentado faz parte da campanha #CiteMaisUma, ação que visa reconhecer todas as mulheres que se destacam ou destacaram em suas áreas e muitas vezes são ou foram invisibilizadas.


Um Brasil mais justo e avançado só será possível quando todas tiverem a oportunidade de desenvolver seu pleno potencial e de participar ativamente nas tomadas de decisões.

Acesse o guia

Histórias sobre mulheres em posição de liderança raramente são destacadas em livros ou amplamente divulgadas. Apesar dos obstáculos impostos pela desigualdade de gênero, inúmeras líderes inspiradoras têm emergido, muitas vezes como pioneiras em seus campos, apesar dos incontáveis desafios.


Pensando nisso, a Fundação Lemann inicia no mês de março a campanha #CiteMaisUma, propondo que, por meio das redes sociais, haja uma mobilização da sociedade para citar e marcar mulheres que sejam referência em sua área de atuação. Encorajamos e convidamos a todos e todas a se unirem a esta iniciativa, com objetivo de refletir sobre o tema e de citar aquelas cujas histórias e contribuições merecem ser reconhecidas e celebradas.

Junte-se à nossa campanha

CONFIRA A CAMPANHA EM NOSSAS REDES SOCIAIS

Confira o guia de dados que ajuda a promover uma compreensão mais completa das questões de gênero.

VOCÊ SABIA? 

MULHERES NO SETOR PÚBLICO


Opinião dos brasileiros sobre o funcionalismo público no Brasil

Datafolha e Movimento Pessoas à Frente (2023)


  • 56% dos brasileiros acreditam que o corpo de funcionários do Estado não é representativo da diversidade brasileira e que desconhece os desafios da população;


  • 71% dos entrevistados acreditam que a representatividade contribuiria para aumentar a legitimidade do funcionalismo público e seu grau de confiança em relação a eles;


  • 86% dos brasileiros concordam que ações para promover e garantir igualdade de gênero no serviço público são importantes e 89% concordam sobre a importância de ações para promover e garantir a diversidade racial;


  • 90% dos entrevistados afirmaram acreditar que mais mulheres tornariam o serviço público melhor.
Acesse aqui o conteúdo completo

Equidade e representatividade: síntese de evidências sobre a presença de mulheres e

pessoas negras em cargos de liderança e autoridade

NERI/INSPER e Fundação Leman (2023)


  • Em determinados contextos, a participação mais equitativa de mulheres em posições de liderança no setor público contribui para:
  • aumentar os investimentos em bens públicos, especialmente nas áreas de saúde e educação;
  • diminuir a lacuna de gênero na educação;
  • melhorar o desempenho econômico;
  • reduzir a corrupção e o clientelismo nos postos do Poder Executivo municipal;
  • promover aspirações mais elevadas em termos educacionais e de carreira de mulheres e meninas.


  • Do mesmo modo, em determinados cenários, a participação mais equitativa de pessoas negras em posições de liderança no setor público contribui para:
  • a proposição de leis e políticas públicas dedicadas à inclusão;
  • maior engajamento político;
  • aumento relativo na participação da força de trabalho da população negra;
  • efeito positivo na educação (aumento no número de estudantes do Ensino Médio que se inscrevem no ENEM) e na representatividade política em nível local (aumento na proporção de candidatos autodeclarados negros concorrendo ao cargo de deputado estadual no município);
  • aumento da confiança profissional em jovens negros
Acesse aqui o conteúdo completo

Desigualdades de raça e gênero no secretariado estadual

GEMAA/UERJ, Fundação Lemann e Imaginable Futures (2023)


  • Em todas as regiões do País, verifica-se a sub-representação das mulheres no secretariado, mesmo sendo maioria demográfica. Mulheres ocupam apenas 29,7% desses cargos de alta liderança, apesar de comporem 51% da população;


  • Quando se analisa a intersecção de mulheres pretas e pardas, o dado chama ainda mais atenção: elas são 28% da população, porém ocupam apenas 4% do secretariado;



  • Há uma concentração de mulheres em pastas sociais, com 53,5% delas liderando áreas como Assistência Social, Cultura e Esportes. Essa tendência se estende a secretários pretos ou pardos, com cerca de metade em funções sociais, destacando estigmas que limitam suas atuações a setores específicos, afastando-os de áreas vistas como estratégicas, incluindo economia e infraestrutura.
Acesse aqui o conteúdo completo

Mulheres líderes no setor público da América Latina e do Caribe

Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID (2022)


  • A pesquisa aponta o Brasil como ‘lanterninha’ no ranking de mulheres em cargos de liderança no serviço público, ficando atrás de países como Argentina e Guatemala;


  • Apenas 18,6% das mulheres brasileiras que trabalham no serviço público são chefes e responsáveis diretas pela gestão de algum órgão ou política pública;


  • Observando os 15 países analisados, a média de mulheres em cargos de liderança na administração pública é de 41,4%.
Acesse aqui o conteúdo completo

VOCÊ SABIA? 

MULHERES NO TERCEIRO SETOR

De acordo com o Censo GIFE 2022-2023, o percentual de mulheres na composição dos conselhos deliberativos passou de 27% em 2014 para 34% em 2022. A pesquisa contou com 137 organizações associadas ao GIFE. O estudo mostra ainda que, projetando com base na série histórica, só em 2042 será alcançada a paridade entre homens e mulheres nos conselhos.


Além disso, o estudo Governança inclusiva no terceiro setor: gênero e raça nas OSCs do Gema – Consultoria em Equidade e do Instituto Matizes, de 2021, revela que 19% das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) têm uma participação muito alta de mulheres, significando que mais de 80% do seu quadro profissional é feminino. Contudo, 46% das OSCs estudadas apresentam um percentual de mulheres em posições de liderança abaixo da média. Destas, 17% possuem baixa participação feminina em cargos de liderança, com 21% a 40% de mulheres ocupando esse espaço, enquanto 29% têm participação muito baixa, com menos de 20%.


O estudo também destaca que, ao considerar o recorte racial, a situação não é promissora: cerca de 58% das OSCs têm um percentual de pessoas negras abaixo da média em suas equipes. Ademais, metade das OSCs possui iniciativas específicas para a contratação de mulheres e pessoas negras, mas mais de 51% não implementam medidas e protocolos voltados para facilitar o acesso de mulheres e pessoas negras a posições de liderança. Além disso, duas em cada três OSCs carecem de canais de denúncia anônima para casos de assédio e discriminação.


Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de 2018, complementam o cenário, indicando que mulheres em OSCs no Brasil tendem a se concentrar em atividades relacionadas ao cuidado e, ainda assim, recebem salários inferiores aos dos homens nas mesmas funções.

VOCÊ SABIA? 

MULHERES NA ACADEMIA

A análise profunda do cenário acadêmico e científico brasileiro também revela desigualdades marcantes, tanto de gênero quanto raciais, que caracterizam os espaços de Ensino Superior e pesquisa no país. O infográfico Mulheres na ciência brasileira, publicado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (GEMAA) em fevereiro de 2022, destaca a proporção de gênero dos docentes vinculados a programas de pós-graduação, evidenciando uma divisão sexual do trabalho que perpetua estereótipos e barreiras históricas. Nota-se uma predominância feminina em áreas associadas ao cuidado e às humanidades, enquanto os homens prevalecem nas ciências exatas e engenharias. Das 80 áreas avaliadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em menos de 30 há participação paritária ou maior de mulheres em relação aos homens.


Além disso, o estudo Desigualdades Raciais na Ciência Brasileira, também do GEMAA, divulgado em novembro de 2023, aprofunda essa análise ao revelar que as mulheres negras são apenas 2,5% das docentes de programas de pós-graduação nas grandes áreas de Ciências Biológicas e Ciências Exatas e da Terra, conforme classificação da CAPES. Sendo a pós-graduação brasileira responsável por mais de 80% da produção científica nacional, esses dados refletem não apenas uma desigualdade de gênero, mas também racial, que limita significativamente a diversidade nos espaços de poder e conhecimento científico no Brasil.


Adicionalmente, destaca-se que o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, órgão de alta representatividade na ciência nacional, nomeou sua primeira ministra mulher somente em 2022, aproximadamente quarenta anos depois de sua fundação. Esse fato ressalta a escassa presença feminina em cargos de liderança, evidenciando as barreiras institucionais e culturais que as mulheres enfrentam no campo científico.


A falta de representatividade e as dificuldades no acesso e na progressão na carreira acadêmica não são apenas questões de equidade, mas também afetam a qualidade e a inovação da pesquisa científica. A diversidade de perspectivas é crucial para o avanço do conhecimento e a sua ausência compromete a capacidade de abordar problemas complexos de maneira inclusiva e abrangente.

VOCÊ SABIA? 

MULHERES EM DIVERSOS SETORES

O Fórum Econômico Mundial utiliza o termo gender gap – que pode ser traduzido como “desigualdade de gênero” ou “lacuna de gênero” – para medir as disparidades de gênero em oportunidades econômicas, de saúde, de educação e de participação política em diferentes países. De acordo com o Global Gender Gap Report 2023, os países da América Latina e do Caribe levarão 53 anos para alcançar a paridade de gênero em todos esses setores.


O Brasil ocupa a 14ª posição entre os 21 países analisados na região, além de estar na 57ª posição no ranking global com 146 países, o que evidencia a urgência no desenvolvimento de ações para superar a grande desigualdade de gênero existente no território brasileiro.


Além disso, em 2023, Claudia Goldin recebeu o Prêmio Nobel de Economia, tornando-se a terceira mulher na história a receber tal honraria. Professora na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Goldin realizou avanços significativos na análise da participação feminina no mercado de trabalho e suas pesquisas concluíram que a redução da disparidade de gênero em termos de emprego e salários beneficia não apenas as mulheres, mas também promove o crescimento econômico como um todo. Goldin identificou que as disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho ocorrem, principalmente, pelas pausas na carreira ou a necessidade de flexibilidade que as mulheres precisam para cuidarem de seus filhos e familiares. Suas pesquisas também trazem contribuições para superar essas barreiras, incluindo políticas de trabalho mais flexíveis, incentivos para uma distribuição mais equitativa das responsabilidades familiares entre homens e mulheres, e a importância de políticas públicas que apoiem a igualdade de gênero no ambiente de trabalho.

Quero receber mais pesquisas

Preencha seus dados e, sempre que tivermos um novo estudo, compartilharemos em seu e-mail.

A Fundação Lemann está comprometida a proteger e respeitar sua privacidade, seus dados são usados apenas para fins de comunicação.

Encorajamos e convidamos a todos e todas a se unirem a esta iniciativa, com objetivo de refletir sobre o tema e

de citar aquelas cujas histórias e contribuições merecem ser reconhecidas e celebradas.

Junte-se à nossa campanha

CONFIRA A CAMPANHA EM NOSSAS REDES SOCIAIS